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A solitária homenagem das associações cívicas do Rio de Janeiro aos heróis de Monte Castelo no ano da pandemia.

Por Redação DefconBR, 21 de fevereiro de 2024.

21 de fevereiro de 2021, data que se rememora a épica tomada do Monte Castelo, caiu em um domingo. Um dia morto, quando em plena pandemia eram raros os eventos públicos presenciais e poucas as pessoas que resistiam ao medo de andar normalmente pelas ruas, ainda que guardadas as devidas precauções não houvesse proibição da circulação.

Por óbvio, nenhuma cerimônia pública estava programada para o Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial – MMSGM, no Rio de Janeiro. Apenas um evento interno com a guarnição e oficiais servindo naquela organização ocorreria no dia seguinte, segunda-feira.

Um sentimento de inconformismo com a apatia em relação à data histórica tomou conta de alguns integrantes de associações cívicas sediadas no Rio de Janeiro. Como não se manifestar de alguma forma em relação a uma data tão importante? Como deixar de prestar a devida homenagem, por medo, àqueles heróis que enfrentaram a morte de frente em prol de ideais tão nobres e aos quais, em última instância, se deve um posterior avanço importante da democracia em um período tão duro da história do Brasil ?

No meio da manhã de domingo a mobilização tomou forma e, autorizados pelos presidentes da Associação Nacional dos Veteranos da FEB – ANVFEB, Liga da Defesa Nacional, Associação dos Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro – AORE/RJ e do Delegado da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra no Estado do Rio de Janeiro – ADESG-RJ, uma comissão de associados foi encarregada de organizar e executar uma homenagem que não deixasse a data passar em branco.

No meio da tarde, os três designados chegaram às instalações do Monumento para aguardar as quatro coroas de flores que seriam depositadas no mausoléu localizado no subsolo. Para sua surpresa, o Exército – de alguma forma – antecipou o movimento das associações e aguardando a pequena comitiva encontrava-se o Coronel Sady Guilherme Schmidt Junior, comandante do Monumento, que cordialmente os recebeu e encaminhou ao subsolo onde se encontram os restos mortais dos integrantes da FEB.

Mausoléu do MMSGM. Crédito: DefconBR.

O mausoléu do Monumento é um lugar ao mesmo tempo solene e de paz. Na entrada, as bandeiras dos países amigos e que combateram ombro a ombro com a FEB ornamentam uma pequena antesala, junto a escada de acesso. E o amplo salão contém as lápides dos 462 pracinhas tombados nos campos da Itália e, à frente, as lápides daqueles cujos restos mortais não permitiram sua identificação – uma delas consagrada como o túmulo do soldado desconhecido.

A cerimônia breve, conforme as regras de então exigiam, constou de palavras de recepção por parte do comandante, apresentação pessoal dos integrantes da comitiva e cumprimentos em nome dos presidentes das associações, aposição das coroas de flores, uma breve oração e despedida.

Nas coroas, as homenagens: Liga da Defesa Nacional, Em Homenagem aos Heróis de Monte Castelo; ANVFEB, Em Continência a Nossos Heróis Eternos; ADESG-RJ, a Homenagem aos Heróis de Monte Castelo e AORE-RJ, A Homenagem a Nossos Heróis Eternos.

Integrantes das associações cívicas do Rio de Janeiro depositam coroas de flores em frente ao túmulo do soldado desconhecido. Crédito: DefconBR.

O medo não pode ser impeditivo do cumprimento do chamado que surge das próprias convicções. A pandemia passou. E os três integrantes daquela pequena comitiva que desembarcou nas dependências do MMSGM naquela tarde um pouco nublada de domingo de 2021 guardam consigo a satisfação particular de não ter faltado a um compromisso com sua própria consciência.

Em 2024, neste 21 de fevereiro, honre-se novamente a memória dos bravos brasileiros que combateram e venceram uma força superior na batalha do Monte Castelo.