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Twitter cancela conta falsa da ABIN

Por Redação DefconBR

27 de novembro de 2022

Foto: Mikhail Nilov.

O Twitter bloqueou uma conta que se apresentava como pertencente à Agência Brasileira de Inteligência – ABIN. A conta foi criada com o mesmo nome da conta oficial utilizada pela Agência na plataforma Instagram, abin_oficial, e pode ter sido fruto da nova política de contas verificadas mediante pagamento adotada recentemente pelo CEO do Twitter Elon Musk.

O cancelamento da suposta conta da ABIN veio a público nas redes sociais no domingo, 27 de novembro, e a agência rapidamente emitiu nota oficial esclarecendo que possuía apenas redes do Facebook, facebook.com/abin.oficial, e Instagram, instagram/abin_oficial.

A situação não é nova nas redes sociais, sendo conhecida pela expressão inglesa catfish, ou gato-por-lebre, em livre tradução, que é a prática da criação de perfis falsos em sites de relacionamento com o objetivo de extorquir dinheiro, roubar dados bancários ou mesmo vingança pessoal através do vazamento de fotos pessoais.

Mesmo agências de inteligência com renomada estrutura de coleta e análise de dados, como a CIA – Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, já foram vítimas da prática. Em 2012, uma conta de usuário foi criada com o nome de @US_CIA, utilizando o logotipo oficial da agência e foi utilizada para envio de mensagens satíricas como a solicitação ao Aiatolá Khamenei, do Irã, que passasse a postar mensagens em inglês por conta do período de férias do analista detentor da carteira do oriente médio. Mais recentemente, a rede social criada pelo ex-Presidente Donald Trump passou pela mesma situação, tendo sido detectados perfis falsos da própria CIA e de órgãos e agências como Federal Bureau of Investigation (FBI), Central Intelligence Agency (CIA), New York City Police Department (NYPD), a Casa Branca, a National Aeronautics and Space Administration (NASA), o Departamento do Tesouro, o Departmento de Homeland Security e o próprio Departamento de Estado Americano.

No campo profissional, este acontecimento destaca um dos dilemas atuais da inteligência de estado. Até o advento das tecnologias emergentes as agências de inteligência detinham-se basicamente em proteger o conhecimento sensível do acesso externo e coletar conhecimento sensível externo que fosse do interesse do país. Havia, até então, pouca ou nenhuma interação com o público extra- agência.

As novas tecnologias romperam as fronteiras do conhecimento e da segurança nacional, exigindo que as agências passem a interagir cada vez mais com o ambiente externo. Ao cenário tradicional de análise de capacidades militares de países estrangeiros, interesses econômicos, tecnológicos ou de ameaças irregulares como o terrorismo e o crime transnacional foram adicionados o potencial das grandes empresas de tecnologia e start-ups, e como atores antagonistas poderiam vir a usar essas capacidades contra os interesses nacionais legítimos.

Autores consagrados na temática da inteligência de estado, como Marco Cepik, se debruçaram, sobre conceitos que chamaram de falhas de inteligência e surpresas estratégicas. Neles destacam os possíveis erros cometidos na coleta, análise e disseminação de informação e, ainda, a interface entre políticos e profissionais de inteligência. Para o consultor e especialista Vinícius Domingues Cavalcante, entretanto, o caso do falso registro em nome da ABIN não configura uma falha da inteligência brasileira. “Seria necessário evidenciar as intenções da pessoa ou grupo que realizou o registro e os ganhos obtidos com a ação. E a rápida ação de Comunicação Social da ABIN, a partir da coleta das fontes abertas das próprias redes sociais, demonstra a prontidão e profissionalismo da Agência”.

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