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Segurança, Defesa e Geopolítica

Queda da Baidu no mercado internacional aponta para vínculo com exército chinês

As ações da Baidu, a plataforma de busca chinesa despencaram no mercado de ações internacional. A queda deveu-se à percepção do mercado de que Ernie, o algoritmo de inteligência artificial do buscador teria ligações com o exército chinês.

O imbroglio não é recente e vem se arrastando por mais de um ano. Segundo o South China Morning Post, uma universidade vinculada à força cibernética do exército chinês estaria realizando testes com Ernie funcionando como uma espécie de ChatGPT. Embora o Baidu negue firmemente qualquer vínculo com o exército, o mercado entende que uma possível sanção de Washington, no âmbito dos esforços de contenção da China, afete os resultados da empresa.

O que importa a partir de agora para os analistas é verificar se esses riscos geopolíticos se estenderão a outras empresas chinesas, afirma Sarah Zheng, comentarista da Bloomberg em programa matinal, mas é preciso acompanhar essa questão no longo prazo, complementa.

A queda de mais de 10% no valor das ações, antecipa um possível agravamento da classifcação imposta em 2022 pelo Bureau of Industry and Security (“BIS”) do Departamento de Comércio dos Estados Unidos que classificou o Baidu como entidade de apoio à modernização do exército da China, de violação de direitos humanos e risco de desvio de finalidade.

As preocupações não são infundadas. Em uma pesquisa comparativa entre o Google e o Baidu, o professor Min Jiang, da universidade de Charlotte, aponta para o risco da alteração da arquitetura dos mecanismos de pesquisas criando narrativas e vieses a serviço de regimes políticos arbitrários. Ainda existem grandes lacunas na pesquisa de mecanismos de busca chineses. Embora vários mecanismos e padrões de filtragem de pesquisa tenham sido identificados e testados, seu impacto corrosivo sobre a vida social e política chinesa está longe de ser claro, conclui o estudo.

Foto de capa: Liza Summer