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Segurança, Defesa e Geopolítica

Zelensky não é Churchill, mas não deve ser menosprezado.

Por Redação DefconBR, 25 de dezembro de 2022.

O Presidente da Ucrânia, Wolodymyr Zelensky discursou no Congresso americano em busca de mais apoio militar.

A coincidência de datas entre o discurso de Wolodimir Zelensky no Congresso Americano e o proferido por Winston Churchill em 1941 animou a Presidente da Câmara Nancy Pelosi à correlação. De fato, são dois líderes estrangeiros à frente de países em guerra que não sobreviveriam sem o apoio do poder econômico-militar dos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, lutando uma batalha crucial para o ocidente.

Há pouco mais de dez meses, quando o exército russo invadiu a Ucrânia, pouca gente apostava no ator-comediante que havia chegado à Presidência por conta da identificação da população com uma série, Servo do Povo, em que o personagem principal, um professor, chegava à presidência por conta de suas denuncias contra a corrupção. A vida imita a arte e Zelenky ganhou a eleição como um outsider, se tornando o Presidente da Ucrânia em 2019.

Zelensky é graduado em Direito, mas foi questionado por sua profissão de ator. O argumento de autoridade sobre a falta de preparo ou tenacidade de um ator para o exercício da presidência de um país não resiste à comparação. A poderosa União Soviética se desfez em um embate de desinformação frente à Guerra nas Estrelas, quando Ronald Reagan, um ator de filmes de cowboy, chegou à Presidência dos Estados Unidos. Também o soldado mais condecorado da II Guerra Mundial, Audie Murphy, se transformou em um ator consagrado na mesma Hollywood.

Zelensky mostrou a que tinha vindo nos primeiros dias da guerra, quando as apostas eram de que Kiev cairia em uma semana, e ele recusou um convite para se exilar no exterior, afirmando que não precisava de carona de países estrangeiros, precisava de munição. A munição veio e o mundo assistiu o exército russo pagar caro pelos avanços em território ucraniano.

Mas mesmo a tenacidade do povo ucraniano e o apoio material e técnico dos países da OTAN não foram suficientes para expulsar definitivamente o exército russo de volta para suas fronteiras. Com a guerra se estendendo, o inverno se aproximando e a curva de entusiasmo externo perigando arrefecer por conta das questões econômicas dos países da Europa ocidental, o convite para discursar no Congresso veio em boa hora.

No Congresso americano, em 21 de dezembro, foi aplaudido de pé pelos congressistas por mais de uma vez. Zelensky enalteceu os Estados Unidos, a aliança do ocidente, referiu-se à Rússia como estado terrorista, entregou uma bandeira de guerra ucraniana assinada por soldados da frente de batalha do Donbass e deixou um novo recado: “Seu dinheiro não é caridade. É um investimento na segurança global e na democracia que administramos de maneira muito responsável.”

“A história só lembra dos vitoriosos, apenas dos fortes e bravos.”

Wolodymyr Zelensky

Na frente de Bakhmut, um dia antes, Zelensky havia exortado os soldados ucranianos durante um cerimônia de condecorações:

“Eu quero dizer a vocês aqui em Donbass: vocês estão defendendo toda a Ucrânia. Porque depois de Donbass, eles farão o mesmo em todas as outras cidades de nosso país. Eles não desejam nada que seja ucraniano, estou absolutamente convencido disso. Portanto, sobre seus ombros não está a defesa do Donbass, mas a defesa da Ucrânia. Eu apenas desejo a vocês a força com que tem sobrevivido e vencido. Por favor, preservem sua persistência. A história só se lembra dos vitoriosos, apenas dos fortes e dos bravos. Eu estou desejando isso do fundo do meu coração.”

Na sexta-feira, 23, o Congresso americano aprovou a ajuda de US$ 45 bilhões que inclui o sistema de mísseis de longo alcance Patriot.

Zelensky não é Churchill, mas não deve ser menosprezado. Uma liderança nasceu na Europa Oriental.