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Bandeira falsa em Brasília

A região da Capital Federal próxima ao Edifício-Sede da Polícia Federal foi palco de confrontos no início da noite de ontem,12 de dezembro, entre manifestantes e forças policiais.

A Polícia Federal cumpriu no fim da tarde, ordem de prisão temporária expedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, contra o cacique indígena José Acácio Tserere Xavante. A direção da Polícia Federal informou que o preso encontra-se acompanhado de advogados e que todas as formalidades relativas à prisão foram adotadas nos termos da legislação, resguardando-se a integridade física e moral do detido. Na manhã do dia 13, o Supremo Tribunal Federal informou que o cacique teve sua prisão temporária decretada pelo prazo de dez dias, por indícios da prática de atos antidemocráticos. Segundo a Procuradoria Geral da República em sua denúncia, o cacique viria se utilizando de sua posição de liderança para arregimentar indígenas e não-indígenas para o cometimento de crimes mediante agressão ao presidente eleito e a ministros do STF.

A notícia da prisão levou um grupo de manifestantes para a sede da Polícia Federal e houve tentativa de invasão, sendo acionados o COT – a força de operações especiais da corporação – e a Polícia Militar do Distrito Federal para dispersar o grupo. Nos arredores, confronto entre estilingues e bombas de efeito moral, spray de pimenta, carros e ônibus queimados e botijões de gás apreendidos.

Apesar de todo o aparato policial, nenhum manifestante foi preso.

A atuação do grupo de vândalos gerou indignação nas redes de apoiadores do Presidente e contestadores do processo eleitoral. Acampados há mais de 40 dias em frente aos quartéis de todo o país, esses manifestantes tem perfil bem definido: são motoristas de caminhão, favorecidos pelas obras viárias do período Bolsonaro; integrantes do agro-negócio, setor de destaque na economia; militares veteranos de todas as forças; clubes de motociclistas; grupos de religiosos católicos e evangélicos, e idosos, todos com perfil conservador. Ali, a camisa amarela da seleção brasileira de futebol e a bandeira do Brasil enrolada ao corpo são os trajes mais comuns. Nesses 40 dias de manifestações, sob chuva e sol, as atividades foram de culto à bandeira, canto do hino nacional brasileiro, palavras de ordem endereçadas às Forças Armadas, dentre outras atividades comunitárias. Nenhum incidente ou incitação à violência foi registrado por qualquer mídia nesse período, inclusive quanto ao evento da prisão do cacique Tserere.

Na tarde do dia 12 de dezembro, o Presidente Jair Bolsonaro atende a manifestantes em frente a sua residência.

O próprio Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Anderson Torres, do governo Bolsonaro se manifestou nas redes sociais:

Ministro Anderson Torres publica em sua rede social Twitter

O Confronto

No entorno do edifício-sede da Polícia Federal o confronto de deu com mascarados, usando bonés e camisetas cobrindo o rosto, com paus, pedras, estilingues e, supostamente, material incendiário. Nos vídeos que correm as redes sociais, nem um cocar ou indivíduo com as tradicionais pinturas indígenas.

Os Black-blocks

As cenas evocaram os conflitos protagonizados pelos Black-blocks nas manifestações de 2013, com destaque especial para Rio e São Paulo, levantando a hipótese de que o conflito de ontem tenha se tratado de uma operação de bandeira falsa, operada por um dos inúmeros grupos de orientação marxista, antagônicos aos patriotas acampados nos quartéis, para acirrar a crise institucional que o país vive por conta da eleição do ex-presidente Lula da Silva, condenado por corrupção, mas cuja sentença anulada pelo Supremo Tribunal Federal permitiu que concorresse ao pleito de 2022.

Especialistas em controle de distúrbios civis, ouvidos pelo DefcnBR, apontaram as coincidências entre as técnicas e táticas verificadas ontem e aquelas utilizadas pelo grupo irregular Black-block.

Bandeira Falsa

Uma operação de bandeira falsa é a operação conduzida por governos, corporações, indivíduos ou outras organizações que aparentam ser realizadas pelo inimigo de modo a tirar partido das consequências resultantes. O nome é retirado do conceito militar de utilizar bandeiras do inimigo. Operações de bandeira falsa foram já realizadas tanto em tempos de guerra quanto em tempos de paz. Dentre as mais famosas operações de bandeira falsa encontra-se o Incidente de Gleiwitz. Em agosto de 1939 um ataque forjado contra a estação de rádio Sender Gleiwitz, em Gleiwitz, Alemanha (atual Gliwice, Polônia) foi parte de uma série de provocações realizadas pela operação Himmler, um projeto da SS Nazista para criar a aparência de um ataque provocado pelos poloneses que veio a ser utilizado como justificativa para a invasão da Polónia.